Igreja

Igreja da Divina Misericórdia / Paróquia de Alfragide

A Igreja da Divina Misericórdia (IDM) é de cor branca e arquitetura minimalista. Destaca-se pela imperturbabilidade da torre sineira e pelas formas suaves das suas linhas. O seu despojamento é expressão da pessoa humana que, na sua simplicidade e pobreza, procura a divina misericórdia de Deus.

O projeto arquitetónico da IDM foi elaborado pela empresa Getecno, sob a orientação do arquiteto Antero de Sousa, com a colaboração a nível conceptual da arquiteta Joana Conceição e do designer Paulo Calvino na conceção do mobiliário e da sinalética. A obra foi edificada pela empresa de construção civil Sotencil.

O centro do espaço interior é o Altar, realçado pela presença da luz zenital que entra pela claraboia. A distribuição da plateia ao redor do Altar congrega os fiéis, convidando-os à comunhão, num ambiente de suavidade e paz.

O Altar: Coração da Igreja

 

O altar é a “mesa do Senhor” (1 Cor 10, 21), desempenhando uma função primordial de ordem prática, desde o momento em que Cristo instituiu o sacrifício sacramental da nova Aliança.  “Mesa do sacrifício e do banquete pascal” do povo da nova Aliança, o Altar é lugar sagrado por excelência do culto cristão, em seu redor os cristãos reúnem-se para celebrar a Santíssima Eucaristia.

Além da sua função prática, o Altar tem uma significação espiritual, pois evoca o próprio Cristo, lembrando o Seu sacrifício e o compromisso da Nova Aliança.

Componentes Artísticas

O espaço de reflexão e oração da IDM beneficia da unidade coerente de expressão das suas obras artísticas, que incluem o painel de azulejo de Jesus Misericordioso, os painéis vítreos sobre a Criação do Universo e o conjunto escultórico.

Painel de Jesus Misericordioso

 

Em 2010, a Diretora da Galeria Ratton, Ana Maria Viegas, solicitou a Andreas Stöcklein que pintasse um painel em azulejo, para cobrir a parede de fundo por detrás do Altar. A figura de Jesus Misericordioso paira acima do Altar, recebendo uma luz zenital, e é sublinhada por acentuações de prata que evocam o seu caráter sobrenatural, ostentando, numa fibra do manto, a frase Jesus, eu confio em Vós!

Através dos seus traços, a monumental imagem de Jesus Cristo parece movimentar-se e entrar na Igreja. As ousadas linhas de perspetiva acentuam a profundidade e a universalidade do gesto de bênção. Os raios “vermelho e pálido”, que brotam do lado entreaberto da túnica, derramam-se sobre a assembleia, interpretando e recriando, numa linguagem contemporânea, a visão de Santa Faustina Kowalska.

painel-tratado

Visão de Santa Faustina Kowalska

No seu diário, Santa Faustina Kowalska descreve que, no dia 22 de fevereiro de 1931, teve uma visão de Jesus vestido com uma túnica branca. Abençoava com a mão direita e com a outra tocava na veste junto ao peito. Do lado entreaberto da túnica emanavam dois grandes raios de luz, um vermelho e outro pálido. Jesus disse-lhe: Pinta uma imagem conforme a visão que te aparece, com a inscrição “Jesus, eu confio em Vós”. É meu desejo que esta imagem seja venerada em todo o mundo” (Diário, 47).

Mais tarde a Santa escreveu: “quando eu fixei o meu olhar no Santíssimo Coração, brotaram aqueles mesmos raios que estão na imagem – como Sangue e Água – e compreendi como é grande a Misericórdia do Senhor” (Diário, 177).

Memorial e Relíquia de Santa Faustina

 

O Memorial de Santa Faustina integra uma relíquia ex ossibus, autêntica parte do corpo da Santa, trazida, em maio de 2010, do Santuário da Divina Misericórdia, em Cracóvia (Polónia).

A pedido da Galeria Ratton, Graça Costa Cabral criou uma representação da figura da Santa que completa e dialoga com o Painel de Jesus Misericordioso. A efígie da Santa é definida num delicado esgrafito sobre uma placa de pedra, situada na parede à esquerda do altar. Colocada à altura da assembleia, a Santa dirige os olhares dos fiéis para a razão de ser de toda a sua existência – Jesus Misericordioso – confirmando a sua profunda humildade e dedicação. O Memorial é completado por frases retiradas do Diário e uma sucinta biografia da Santa.

Painéis vítreos

Os painéis vítreos, concebidos por Kerry Joe Kelly, representam a criação do universo pelo Espírito de Deus. O artista usou os delicados elementos visuais de tipo retangular do painel de Jesus Misericordioso para representar os raios que emanam do Coração de Jesus e utilizá-los na evocação da força do Espírito de Deus, representado por uma pomba. A leitura dos painéis parte do centro, com o Espírito de Deus, para as extremidades laterais, desenvolvendo-se, a partir das cores e das formas orgânicas entrelaçadas, uma interpretação livre da espantosa tarefa da criação do Cosmos e do Mundo, incluindo: a criação dos céus e dos corpos celestes; a separação das águas e da terra; a formação dos continentes; a criação dos animais terrestres, marinhos e aéreos e, finalmente, do homem e da mulher. Assim se estabelece uma frutuosa conexão entre a Criação, fruto do Amor de Deus, e a Nova Criação, dom do Jesus Misericordioso, numa fórmula de culto contemporânea.

Conjunto escultórico

O escultor e ceramista Carlos Oliveira foi responsável pela elaboração de um projeto que envolvia a criação de um conjunto escultórico constituído por várias obras de arte no presbitério.

Sacrário

 

O Sacrário, em forma de globo terrestre, acolhe, no seu interior, Jesus Eucaristia que, ativa e misteriosamente, continua a expandir a sua misericórdia por todo o universo.

Nossa Senhora das Graças

 

A estátua em tamanho humano de Nossa Senhora das Graças retrata o amor puro. Através da beleza e simplicidade desta imagem, que contemplamos de braços abertos, somos impelidos a confiar na poderosa intercessão da Virgem Mãe, que dirige à misericórdia do seu Filho as nossas preces e orações.

Crucifixo

 

O báculo do Papa Paulo VI, mais tarde usado por São João Paulo II, serviu de inspiração para a Cruz do Altar. É uma cruz com a imagem de Jesus Crucificado que indica o Altar como o lugar da entrega de Jesus Cristo ao Pai, oblação misericordiosa a favor da humanidade.

Castiçais

 

Os seis castiçais, destinados à mesa do Altar, decrescem em altura dos dois lados, na singela e ímpar beleza do Altar do Templo. A chama luminosa e ardente por eles emitida remete-nos para a presença do Deus vivo no ato supremo e misericordioso da sua oferta.

Outros elementos artísticos

Cruzes da Dedicação

 

As quatro cruzes em mármore fixas na parede interna da Igreja exprimem de maneira visível o sentido espiritual da Dedicação da Igreja. Essas foram ungidas com o óleo santo do Crisma, que significa “Cristo”, “Ungido”. Cristo, pedra viva, outrora rejeitada pelos homens, tornou-se escolhida e preciosa aos olhos de Deus. Também os fiéis, como pedras vivas, entram na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo (cf. 1 Pe 2,4-5).

 

Menino Jesus de Praga

 

Integrado no painel de madeira que reveste a parede da entrada da Igreja da Divina Misericórdia, encontra-se um nicho com a imagem do Menino Jesus de Praga, oferecida por um grupo de peregrinos a Praga, em maio de 2010. A mão direita está levantada para abençoar. Na esquerda, sustenta um pequeno globo, símbolo de Sua soberania no Universo. A presença desta imagem confirma a antiga promessa ao Padre Cirilo, Carmelita Descalço: “Se me amardes, eu usarei convosco de misericórdia: quanto mais me honrardes, mais vos favorecerei”.

(Devocionário ao Menino Jesus de Praga)

A Primeira Pedra e o Livro da Divina Misericórdia

 

No piso do presbitério, sob o Altar da Eucaristia, encontra-se a Primeira Pedra da Igreja da Divina Misericórdia. No dia 1 de maio de 2011, Domingo da Divina Misericórdia, dia da Beatificação do Papa João Paulo II, foi selado e colocado no interior da Primeira Pedra, o Livro da Divina Misericórdia. Este Livro, iniciado em junho de 2006, tem mais de 5000 pessoas inscritas e entregues para sempre à Misericórdia de Deus. Todos os benfeitores, paroquianos e familiares são lembrados, com regularidade, nas intenções das missas.